História da
C.CAÇ.2759
A C.Caç.2759 foi
constituída a 2 de Maio de 1970 no – BII 19 - Batalhão Independente de
Infantaria 19 ,na cidade do Funchal – Madeira.

Cidade do Funchal |
No entanto, os seus
graduados, Capitão, alferes e sargentos começaram em Janeiro desse ano a
dar instrução àqueles que depois iriam constituir a referida Companhia..
Este período terminou em Maio, altura em que a C.Caç 2759 embarcou a
bordo do navio “Funchal” com destino ao Continente , ficando alojada no
Quartel da Bateria de Artilharia de Costa de Brancanes em Setúbal. |

Navio Funchal |
 |
Quartel da Bateria de Artilharia de Costa de Brancanes em Setúbal. |
Aqui se juntaram os
elementos das secções de Alimentação, Transmissões ,Serviço de Saúde,
Mecânica e Condução Auto, Mecânico de Armamento, Reabastecimento de
Material e Secretaria, dando-se inicio ao entrosamento entre todos os
componentes da Companhia.
A Companhia de Caçadores
2759. Comandada pelo Capitão ARMINDO MEDEIROS BAPTISTA, partiu no
dia 22 de Julho de 1970 a bordo do navio “Niassa” , com destino à
Província Ultramarina de Moçambique.

Navio Niassa |
Depois de uma viagem longa, com
paragens em S.Tomé e Luanda ,chegamos a Lourenço Marques no dia 12 de
Agosto, onde a Companhia recebeu os equipamentos e armamento individuais
e à Beira no de 15 do mesmo mês. Aqui recebemos o material de
Engenharia e Intendência ao lote de Intervenção. No mesmo dia fez-se a
deslocação por via- férrea para Mutarara.
Três grupos de combate
dirigiram-se para Morrumbala, recebendo aí os materiais do seu quartel e
rendendo a C.Caç.2467.
O 4º grupo de combate continuou a sua viagem de
comboio até Moatize ,tendo posteriormente seguido viagem para
Furancungo,
futura sede da Companhia, ficando adido ao B.CAV2903
|
O 1º Pelotão
manteve-se em Morrumbala enquanto e 2º e o 3º foram destacados
respectivamente para Mopeia e Derre. Em fins de Setembro, a Companhia,
após a desactivação do Quartel da Morrumbala e transporte por coluna
mista ( militar e civil) efectuada pelo 1º Grupo de combate, reúne-se
novamente no seu todo, em Furancungo, adida dessa vez ao B.Caç 2895.
No dia 6 de Outubro de
1970 , a bordo de um “NORD ATLAS” a Companhia desloca-se para o Distrito
de Vila Cabral onde vai iniciar a sua actividade de combate, tendo
efectuado operações nas zonas de Massangulo, onde teve um grupo de
combate nesse destacamento, no Lione e na própria zona de
Vila Cabral.
 |
Nestas operações e durante
os dois meses - 6/10 a 1/12 - foi apreendido algum
material mas não houve contactos com o IN. Apesar disso, a Companhia foi louvada pelo
Comandante do B. Caç 20, tendo em vista a maneira como ao longo desse
tempo actuou.
No dia 1 de
Dezembro 1970 a Companhia regressa a Furancungo para um período
de descanso e refrescamento . Foi durante este período,
concretamente a 22 de Dezembro que foi entregue ao 2º pelotão a
tarefa de ir ao encontro de uma coluna de abastecimento, fazer a
sua escolta e trazê-la até ao quartel. |
Morro do Elefante
- Furancungo |
Uma
mina não detectada foi activada pela primeira viatura causando as duas
primeira vitimas mortais à Companhia 2759 – BERNARDINO FREITAS
CANDELÁRIA e MÁRIO CELESTINO ANDRADE , e dois feridos
ligeiros. Foi tempo de perceber que a guerra era feita de uma maneira
traiçoeira e que o inimigo não tinha rosto, tendo esta triste situação
reforçado os laços de união entre todos os elementos da companhia.
No dia 2 de Janeiro de
1971 a companhia deslocou-se para Tete onde permaneceu até ao dia 8
seguindo nesta data para Mocumbura , ao sul do Rio Zambeze (via Rodesia)
tendo a viagem decorrido sem incidentes. O 3ºPelotão seguiu num avião (
Dakota) Rodesiano destacado para o Magué Novo onde permaneceu até 4 de
Abril de 1971, data em que se juntou à companhia em Mocumbura. Durante a
sua estada no Magué Novo este GCOM efectuou inúmeros patrulhamentos,
tendo tido contacto com IN na Massapa tendo feito um prisioneiro que foi
deslocado para a base da COFI
Chegados a Mocumbura, os
restantes grupos de combate deram inicio à montagem do aquartelamento e
de todo o equipamento necessário para a logística do dia-a-dia, dado que
era a primeira vez que esta localidade iria dispor de um estacionamento
de tropas duradouro. Tanto a Companhia como o Grupo de Combate
destacado, ficaram adidos operacionalmente à COFI mas, como esta deixou
de actuar na zona, em Maio desse ano, a Companhia passou a ficar adida ao
B.Cav.3837, com sede na Chicoa. |
 |
Vista aérea de
Mocumbura |
Durante a permanência
nesta localidade, a actividade da Companhia desenvolveu-se em várias
vertentes: patrulhas de segurança próximas do aquartelamento, nomadizações
constantes e de longa duração em locais afastados, protecção das
populações locais, distribuição de alimentos, colaboração com as missões
católicas e segurança e construção de aldeamentos.
Houve durante este
período em que a Companhia esteve em Mocumbura vários contactos com o IN que
causaram baixas dos dois lados sendo de destacar o incidente grave no
dia 5 de Março, originado pelo incêndio de uma viatura - Unimog 404 –
motivado pelo rebentamento de uma mina que causou quatro mortos –
ANTÓNIO JOSÉ LOPES, FERNANDO PESTANA, MANUEL ROSÁRIO LAMBAZ E MANUEL
ANDRADE e oito feridos graves evacuados para o hospital de Lourenço
Marques e três deles posteriormente para a metrópole. Esta mina provocou
grande polémica e revolta das nossas tropas, pois foi confirmado pelo 3º
Pelotão que os padres da missão tinham conhecimento da sua colocação,
utilizando o corta-mato no sitio onde ela estava colocada. |
 |
Os Craques de
Mocumbura |
Durante a operação”
Sagitário13” e quando o 1º pelotão se preparava para uma breve pausa
para a refeição do meio dia, o IN surpreendido pela nossa presença
disparou indiscriminadamente tendo atingido mortalmente o camarada
EDUARDO CALDEIRA DE GOUVEIA e ferido mais dois .A reacção imediata
das nossas forças, colocou o IN em fuga sendo capturado algumas munições
de basooka.
No dia 1 de Julho, quando
o 2º pelotão se encontrava a fazer segurança e protecção à construção do
aldeamento do Changué. foi atacado ao cair da noite tendo a resposta
pronta das nossas tropas provocado vários mortos confirmados e um
número indeterminado de feridos ao IN bem como a captura de algumas
armas automáticas.
Por ultimo assinalar o
rebentamento no meio do leito do Rio Mocumbura de um Jeep Rodesiano que
lhes causou 3 mortos.
 |
Em finais de Outubro de
1971, o B. Cav.3837 ao qual a Companhia estava adida, achou por bem
deslocá-la para o Daque, zona de intensa passagem do IN, dado que o rio
com o mesmo nome tinha água todo o ano.
O 1º e 4º pelotões ficaram
no Daque, o 3º foi destacado para a
Chinhanda – a 30 Kms – e o 2º para a
Chicoa.
Também aqui a Companhia
teve mais uma vez, de criar as condições logísticas para a sua
instalação e funcionamento dado não existir qualquer tipo de
instalações.
|
Vista aérea de
Daque |
Com um grande espírito de
união, empreendimento, coragem e sacrifícios foram criadas as condições
mínimas para se viver, chegando mesmo a construir uma pista de aviação
que veio facilitar os reabastecimentos e transporte de correio, factores
primordiais para quem se encontrava isolado de tudo e de todos, evitando
também as colunas que eram feitas para o efeito mas, com grandes riscos.
A estadia no Daque
prolongou-se até ao dia 8 de Julho de 1972, altura em que a C.Caç 2759.
foi rendida pela Companhia 3555. Durante este período de tempo a nossa
actividade foi intensa: protecção e aberturas de itinerários, patrulhas
de proximidade ao aldeamento e aquartelamento, nomadizações de longas
distâncias e duração, ligação e apoio ao destacamento da Chinhanda,
apoio em géneros e comida às populações, montagem de emboscadas, picagem
de itinerários, escolta a outros forças – para-quedistas, comandos e
fuzileiros navais, reparação de picadas e, como já referimos, a
construção de uma pista de |
 |
Daque - Construção do Memorial |
aviação, toda ela feita pelo braço humano.
No dia 18 de Janeiro de
72, quando era feita uma patrulha e abertura de um itinerário
Daque-Chinhanda o IN atacou as viaturas ferindo o comandante da mesma e
um soldado. À reacção das NT o IN pôs-se em fuga deixando na mesma mais
uma arma semi-automática.
O principal contacto com o
inimigo nesta zona deu-se no dia 29 de Fevereiro de 1972, com um ataque
de grande envergadura ao nosso aquartelamento que provocou mais quatro
baixas, todas ligadas a secção da alimentação – 1º CABO COZINHEIRO
ANTÓNIO PEREIRA DA SILVA, ANTÓNIO CARLOS DE VASCONCELOS, JOSÉ ALEIXO
CAPELA E MODESTO PAIVA TAVARES e ainda 4 feridos ligeiros. Além
destas baixas houve ainda a considerar mais quatro mortos da população
local.
Do mês de Março até Julho
houve ainda mais alguns contactos com o IN, bem como o accionamento de
dois engenhos na picada, um dos quais causou três feridos. Foi também
detectada mais uma mina .
 |
No dia 8 de Julho e 1972,
a Companhia rodou para a Vila da Namaacha, a sul de Moçambique e a 70 Km
de Lourenço Marques. Durante a permanência nesta vila, esta C.Caç,
efectuou várias patrulhas com a finalidade de exercer contactos com as
autoridades Administrativas e Policiais. Na altura da transferência para
a Namaacha, esta C.Caç. deixou um grupo de combate em Tete, afim de
fazer escoltas ao comboio entre Moatize e Doa e um outro grupo em
Lourenço Marques, em reforço ao B.Caç 18 |
Namaacha |
A comissão terminou com a
saída da Namaacha a 20 de Novembro de 1972 com destino à
Beira de onde
embarcamos num BOEING da Força Aérea para a Metrópole onde chegamos a
22 de Novembro .
- Resumo da nossa
actividade
-
Operações
101
-
Patrulhas
260
-
Emboscadas
114
- Patrulhas
nocturnas 439
-
Batidas
2
- Protecção a Civis na
construção de aldeamentos (dias) 70
-
Picagens
123
- Picagens da
Pista
301
- Reparação de picadas (
dias ) 12
- Patrulhas às machambas
260
Condecorações
- Medalha da Cruz de
Guerra 4ª classe 2
Louvores
- Pelo Comandante da RMM
3
- Pelo Comando da ZOT
1
- Pelo Comdt.do B.CAÇ
2895 1
- Pelo Comdt do
B.CAV.3837 3
- Pelo Cmdt desta C.CAÇ
18
Os nossos Herois
-
Mortos
11
- Feridos
Graves
8
- Feridos
Ligeiros
11
- Feridos por acidente em
serviço 2
Resultados Obtidos
- Vários mortos
confirmados ao IN
- Várias armas automáticas
e semi-automáticas apreendidas
- Canhangulos
- Vários carregadores
- Grande quantidade de
munições
- Várias bases do IN
destruídas
|